O empresário Benedito Rodrigues de
Oliveira Neto, o “Bené”, fez as denúncias em delação premiada. Ele conta que o ex-ministro das Cidades do
Governo Lula, Márcio Fortes, recebeu R$1 milhão de um esquema que resultou na
contratação da agência de publicidade Propeg em 2010. Outro ex-ministro da
pasta, Mário Negromonte, é hoje conselheiro do Tribunal de Contas dos
Municípios na Bahia.
Sucessor de
Fortes, ele e o ex-deputado e ex-líder do PP na Câmara, Pedro Corrêa, teriam
recebido um valor equivalente a 10% do contrato de publicidade. A delação de
Bené já foi homologada, na semana passada, pelo Superior Tribunal de Justiça.
O depoimento faz
parte da Operação Acrônimo - investigação da Polícia Federal que atribui crime
de corrupção ao governador de Minas Fernando Pimentel (PT), ex-ministro do
Desenvolvimento do governo Dilma.
R$ 20 milhões
Bené afirmou que
o Grupo Caoa, do setor automotivo, teria pago R$ 20 milhões a Pimentel. A Caoa
nega categoricamente o repasse ilegal. A delação preenche 20 anexos. Um deles é
dedicado aos ex-ministros Marcio Fortes e Mário Negromonte e ao ex-deputado
Pedro Corrêa.
O delator
afirmou que, por volta de 2010, Negromonte o procurou para “influenciar”
licitação de publicidade do Ministério das Cidades e beneficiar a Propeg.
Negromonte e Pedro Corrêa receberiam, segundo Bené, 10% do “resultado” da
operação.
Segundo Bené,
Mário Negromonte e Pedro Corrêa receberam R$ 1 milhão cada. O ex-ministro
Márcio Fortes também teria recebido R$ 1 milhão, valor pago, segundo ele,
“durante mais de um ano”. Os denunciados negam.
O outro lado
“É falso o
enredo por meio do qual se tenta envolver a Propeg em assuntos que são
inteiramente estranhos à agência. Jamais, em tempo algum, houve pagamento a
políticos por meio da empresa”, disse a assessoria da companhia.
O criminalista
Carlos Fauaze, que defende o ex-deputado Negromonte, informou que não vai se
manifestar por não ter tido acesso à documentação do processo. Mário Negromonte
afirmou que a Propeg é da Bahia, seu Estado.
Por isso, alega,
não precisaria da intermediação de Bené para tratar de qualquer assunto
envolvendo a empresa. “A Propeg é da Bahia. Eu ia precisar do Benedicto para
fazer alguma intermediação de conversa? Não tem sentido. Jamais procurei ele
para esse tipo de contato”.
O ex-ministro
Márcio Fortes também se defendeu. “Nego veementemente as acusações, e me coloco
à disposição das autoridades competentes para esclarecimentos que eventualmente
forem necessários.”
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